A instalação do hábito ocorre por ser agradável e trazer satisfação e prazer gerando diversos sentimentos positivos. Inicialmente, há participação consciente em realizar o ato, mas em função da sua repetição contínua, ocorre um processo de automatização e aperfeiçoamento, o que o torna, assim, inconsciente.
Os hábitos bucais parafuncionais deletérios alteram o padrão de crescimento normal e danificam a oclusão, determinando forças musculares desequilibradas que, durante o crescimento, distorcem a forma da arcada dentária e alteram a morfologia. São chamados dessa forma por serem ações realizadas sem uma função reconhecida como essencial para o ser humano.
Hábitos bucais se originam bem cedo durante o desenvolvimento. Já a partir da 29ª semana de vida intrauterina, através de ultrassonografia, podemos observar o processo de sucção de dedos. Já na fase adulta, hábito de morder objetos como lápis, tampas de canetas ou qualquer alimento duro (gelo, castanhas, nozes) ou mesmo abrir embalagens com os dentes é realizado, muitas vezes, inconscientemente. No entanto, quando repetido sistematicamente, pode provocar consequências para a sua saúde oral, como microfissuras e lascas que afetam a estética dos seus dentes e, em longo prazo, disfunção da articulação temporomandibular.
Os hábitos parafuncionais podem ser simples ou específicos. A maioria deles são manias que nós sequer percebemos ter. Reunimos os hábitos mais comuns nessa lista. Confira:
-Apertar os lábios;
-Colocar objetos entre os dentes ou mordê-los;
-Apoiar a mandíbula nas mãos;
-Chupar ou morder os dedos;
-Roer as unhas e cutículas;
-Mastigar com apenas um lado;
-Apoiar a bochecha na mão para dormir;
-Usar travesseiros inadequados;
-Apoiar o celular no ombro e pressioná-lo contra a orelha;
-Bruxismo.
O que eles causam no corpo?
Todos esses hábitos colocam a boca e os ossos da face em posições anormais ou os sobrecarregam. Algo tão pequeno como morder a caneta todos os dias já esforça seus ossos, dentes e articulações mais do que o necessário.
Esses movimentos e esforços podem levar a diversos problemas. O desgaste nos dentes e as dores de cabeça são as consequências e sintomas mais comuns. Em casos mais intensos de bruxismo, os dentes podem até mesmo trincar e apresentar casos sérios de sensibilidade dental.
Problemas para dormir e dores no pescoço também podem aparecer, principalmente com o bruxismo noturno e os hábitos relacionados ao sono. Eles também podem aumentar o estresse e a sensação de cansaço ao acordar. No entanto, o que mais preocupa é a DTM. A Disfunção Temporomandibular é um problema que afeta a ATM, a articulação temporomandibular, responsável pela abertura e fechamento da boca. A DTM, na maioria das vezes, é tratada com cirurgia. Ou seja, se o problema chegar nesse nível, as formas de tratamento se tornam mais restritas e invasivas.
Há cura ou tratamentos?
A melhor forma de tratamento é eliminando a causa. Ou seja, o paciente precisa se reeducar para não ter tais hábitos em sua rotina. É uma mudança que acontece aos poucos, mas é essencial para eficácia de qualquer tratamento. Infelizmente, nem todos esses hábitos pode ser evitados com facilidade. O bruxismo, por exemplo, não tem cura, mas possui tratamentos efetivos para melhora da qualidade de vida. Lembre-se que cada caso é único e receberá um olhar direcionado para atender todas as necessidades do paciente.
Você possui alguns desses hábitos parafuncionais? Sentiu alguma dor ou desconforto recentemente? Então é hora de procurar o seu dentista e fazer todos os exames necessários. Não deixe de cuidar da sua saúde bucal.