
(Imagem: Reprodução)
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal na última sexta-feira (18), após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A ação incluiu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-mandatário e resultou em uma série de restrições judiciais.
No documento, são apontados indícios de crimes como coação no curso do processo, obstrução de Justiça e ataque à soberania nacional. A decisão amplia o cerco judicial ao ex-presidente e gera efeitos que vão além da esfera jurídica, atingindo diretamente sua imagem pública e os planos eleitorais do Partido Liberal (PL) para 2026.
De acordo com Monalisa Soares, coordenadora do Laboratório de Estudos em Política, Eleições e Mídia (Lepem/UFC), o episódio representa novo desgaste político para Bolsonaro e coloca a direita brasileira “entre a cruz e a espada”. Segundo ela, o caso acende um alerta entre lideranças conservadoras que veem na figura do ex-presidente um ativo eleitoral, mas também uma fonte constante de instabilidade.
As investigações ainda ganham contornos internacionais. Isso porque as medidas adotadas contra Bolsonaro estariam relacionadas a tentativas de interferência do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Justiça brasileira. A repercussão teria motivado, inclusive, a imposição de uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros por parte do governo norte-americano, ampliando o impacto político e econômico do caso.
Para analistas, a imagem de Bolsonaro já havia sido afetada pelas investigações em torno da tentativa de golpe de Estado. “Essas apurações arranharam sua reputação diante da sociedade como um todo”, afirma Monalisa Soares. A cientista política pondera, no entanto, que o efeito concreto dessa nova ofensiva dependerá da duração do processo e da capacidade do ex-presidente de mobilizar sua base.
A decisão do STF, portanto, representa um obstáculo significativo para o projeto político de Bolsonaro e levanta dúvidas sobre a viabilidade de sua candidatura em 2026. Ao mesmo tempo, pressiona o PL a reavaliar suas estratégias eleitorais, diante da possibilidade real de ter que substituir seu principal nome nas urnas.