
(Imagem: Reprodução)
Foi-se o tempo em que comer rapadura se resumia às versões tradicional e com coco. Feito tudo no mundo, nossa delícia também evoluiu. Gama de sabores para além do óbvio deixa a iguaria ainda mais versátil e querida, e comprova o alcance dela entre diferentes públicos.
Já pensou em experimentar a de cachaça? E a de pimenta? A sensação pistache também chegou aos engenhos, bem como kiwi, cappuccino, blue ice – com gosto de sorvete – e chiclete. Até rapadura afrodisíaca é possível encontrar lojas afora, num misto de amendoim, castanha, pó de guaraná e açaí. E o melhor: tudo com gosto super apurado e irresistível.
O Diário de Nordeste percorreu três engenhos em Pindoretama, Região Metropolitana de Fortaleza – município considerado a capital mundial da rapadura – para experimentar cada sabor e acompanhar o passo a passo da feitura de um dos doces mais apreciados de nossa mesa.
Comecemos, inclusive, por este ponto: a produção do quitute. De acordo com Izakeline Ribeiro, jornalista e pesquisadora de Gastronomia, a receita tradicional envolve sobretudo o cozimento do caldo de cana fresco.
Esse caldo é fervido até concentrar e atingir o ponto de massa – processos tecnicamente conhecidos como redução e caramelização. Em seguida, acontecem retirada da espuma e moldagem. Variações de textura e sabor dependem da qualidade do caldo, controle de temperatura e manejo no tacho.
A busca por agregar valor econômico ao produto tradicional, permitindo preços maiores e novos canais de venda – além da tentativa de conectar a iguaria a paladares mais urbanos e jovens, que valorizam inovação e diversidade sensorial – são dinâmicas associadas ao surgimento de novos modos de apresentação e sabores da delícia.
“A adição de frutas, chocolates, cafés, castanhas, cachaça e outros insumos atrai consumidores que talvez não comprassem a rapadura ‘pura’ e transforma o doce em souvenir, presente ou ingrediente criativo na gastronomia contemporânea”, situa a estudiosa.
Ela reforça ser este um movimento importante, tendo em vista a função dele de ampliar públicos, reforçar a imagem da rapadura como produto cultural vivo e ajudar a manter rendas locais ao transformar tradição em produto competitivo.
*Reportagem especial do Diário do Nordeste.